É isso. Fui no médico. Nasci torta. Cresci entortando o pescoço. E acabou.
Então as dores, as torções, os mal estares, dor de cabeça, dor na coluna, enjôo tontura, tudo era uma torção no pescoço? Sim.
E agora? Agora terei que conviver com o problema. Ou operar, através de uma cirurgia, com risco de tornar o problema pior do que já é.
Conviver com o problema.
Estranho. Conviver com algo que já convivo há 26 anos. Mas eu já não convivia antes?
Sim, sem a consciência da causa das dores. Sem a consciência da imperfeição que me cerca. E olha sempre me chamaram de perfeita – como nunca repararam na inclinação do meu pescoço? Estavam focando no peito ou na bunda? Quem sabe no fundo dos meus olhos...
E de repente, não mais do que de repente, tudo faz sentido. A consciência é tudo que eu quero e tudo que eu amo nessa vida. Perceber subitamente que tudo é exatamente ao contrario do que você imaginava.
Descobri porque gosto de olhar para o mar, o horizonte me acalma os olhos. Descobri porque gosto de dançar, o alongamento alivia a tensão da coluna. Descobri porque as vezes meu nariz está na frente das coisas que vejo. Descobri quem eu sou, descobri o que eu fiz, descobri, descobri!
Diferentemente, inesperadamente. Imperfeitamente.
Amo ser imperfeita.
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