quinta-feira, 24 de julho de 2008

Correndo contra o tempo

Ultimamente não tenho tempo pra nada. E comecei a perceber que, ao menos desde que comecei a estudar a rotina tem sido assim. As obrigações talvez não fossem tantas, mas certamente eram proporcionais a minha capacidade da época.

Quando somos novos, passamos tanto tempo dependendo dos outros, fazendo cursos, escola, faculdade, estágio, e mais sei lá o que, e tudo pré-determinado – que horas você entra, que horas sai, que dias faz, quantos dias e em quais meses você tem direito a férias, o monte de disciplinas obrigatórias, o estágio obrigatório... Quase não temos controle sobre nós mesmos. No máximo escolhemos fazer inglês às terças e ir malhar às quartas. Depois de toda essa maratona de obrigações, eis que você se encontra com seu diploma, o dever cumprido e o universo para conquistar.

Nada é simples. Arrumar um emprego já é um novo desafio. E se encaixar nessa nova rotina, tão estressante quanto antes, com menos tempo disponível ainda, eis que vc encontra vários motivos para desejar voltar atrás e ser um adolescente novamente. Essa vida de adulto não é fácil! Emprego, salário, contas, obrigações, chefe, carreira... São tantas coisas pra pensar que às vezes não consigo nem lembrar de todas elas.

Essas tarefas diárias andam me consumindo... E apesar de todos os malefícios para a coluna, a eterna falta de tempo, a grana curta, todas as reclamações possíveis sobre o chefe, a parte chata do trabalho, os prazos curtos, as horas que eu perco dentro do ônibus, as novidades que mais atrapalham do que ajudam... Apesar de tudo e de todos, seguimos vivos, seguimos inteiros e, minimamente felizes. E encontramos no mesmo trabalho alguma motivação, algo que percebi em casa, num dia que não fui.

Ficar em casa é uma canseira só. Nada de bom para fazer. Na tevê só programas chatos, velhos e sem graça. Pela casa só tarefas chatas a serem feitas – lavar, passar, cozinhar, limpar. O dia passa lento, morno, inútil. E você olha pro relógio ainda são 14h!! Meu Deus o que vou fazer pra preencher o meu tempo até a noite?? Os dias se repetem, e nada muda - ainda mais para pessoas pobres como eu, que não podem sair e viajar por três dias pra algum lugar interessante ou entrar numa boate que custe 60 reais a entrada. O lance é ficar em casa com o Faustão.

Trabalhar é sentir-se útil nessa vida. É aproveitar o tempo no limite em que pode ser aproveitado. É sentir-se parte de algo maior, contribuir, de alguma forma, para a construção de uma realidade como você gostaria que fosse. Nem que pra isso não faça exatamente como você queira, tenha que convencer seu chefe, engolir uns sapos, fingir que não ouviu um comentário.

Ah, e ter um pequeno controle sobre sua vida. Afinal, sempre existe a possibilidade de chutar o balde, mandar fulaninho se fuder e ir tomar uma cerveja ao sol. As vezes parece que não, porque a conquista no dia-a-dia é pequena, lenta, e imperceptível. Mas olhar pra trás e saber que estamos ficando experientes, que já não cometemos os mesmos erros, e que estamos caminhando em direção a alguma coisa, isso já é uma recompensa por todas as tardes que não assisto Sessão da Tarde.

Um comentário:

La Maya disse...

Tempo agora eu tenho, já que estou no meio de um recesso de dez dias... mas promete que não vai roubar muito dele viu! :D

Ah, essa questão do tempo que tanto nos foge... até as crianças já entraram nessa rotina neurótica: pergunto às minhas alunas de dança se vão ter algum dia livre, além das aulas normais, pra juntar as turmas e ensaiar as coreografias novas. Elas quase nunca podem: têm aulas de inglês, natação, tênis, vôlei, piano, violino, atividade extra na escola... coisa mais difícil é achar esse tempo viu... E então, quando a gente enfim tem esse tempo, fica aflito porque não sabe o que fazer dele: como não tínhamos tempo antes, não aprendemos a lidar com o ócio.
Estou, enfim, de "férias", mas me pergunte se fiz metade das coisas que tinha planejado fazer quando tivesse tempo! Fiz quase nada! Ao menos agora posso colocar meu blog em dia e fazer minhas visitas... não é nenhuma viagem pro sul do país nem uma entrada pra dançar com a bateria da Beija-Flor e da Mangueira no Circo Voador no último dia de Carnaval, mas até que estou gostando desse merecido ócio...!

Já disse que adoro aqueles vídeos ali do lado?!

Beijos!