domingo, 28 de dezembro de 2008

Meninos...

A injustificada severidade não produzia o efeito desejado. Passava noites sonhando acordado, e ainda assim, levantava-se cedo todas as manhãs. Um dia entendeu que precisava cuidar-se mais, e dedicar-se mais, embora não soubesse exatamente a quê. E correu atrás de um único objetivo que o conduziria a um futuro interessante.

Mas mesmo assim o vazio existencial tomava-lhe o corpo, especialmente quando encontrava-se com seus pensamentos na porta da geladeira. Tentava distrair-se com filmes de luta e jogos de computador. Mas nunca supriu o grande vazio, que com a idade passou a aumentar.

Pensava em sexo, e também observava os gatos. Queria encontrar algo que realmente valesse esta vida, mas enquanto não dava certo, ria.

E do riso partia o choro, e as lágrimas só escorriam pela parte de dentro. É que não podia perder o seu ponto de vista privilegiado depois de tanto trabalho, e olhos marejados certamente não seria a saída para a sua solidão.

Abriu então espaço para outras realidades, e apaixonou-se pela possibilidade de sentir. Não estava morto, afinal.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Agora Só Falta Você

Um belo dia resolvi mudar
E fazer tudo o que eu queria fazer
Me libertei daquela vida vulgar
Que eu levava estando junto à você
E em tudo o que eu faço
Existe um porquê
Eu sei que eu nasci
Sei que eu nasci pra saber
Pra saber o quê?

E fui andando sem pensar em mudar
E sem ligar pro que me aconteceu
Um belo dia vou lhe telefonar
Pra lhe dizer que aquele sonho cresceu
No ar que eu respiro
Eu sinto prazer
De ser quem eu sou
De estar onde estou

Agora só falta você

As verdades...

A serenidade que procurava não estava nos livros. Mas ainda assim lia-os com ansiedade. Precisava ouvir em sua mente palavras honestas de alguém que dialogasse com sua alma. Mesmo que o autor daquelas palavras não falasse realmente a verdade, insistia em tomá-las como verídicas.

Precisava de um calento para acalmar sua alma inquieta. E não encontrava. E isso alimentava ainda mais a sua busca, intermitente, nos confins dos espaço-tempo distantes daquele agora em que vivia.

Mas nada encontrava alem de boas teorias. Que na pratica diziam muito pouco, mas que ressoavam em sua mente antes de dormir. E conseguia encontrar o sono enfim, mesmo com algum sofrimento.

Um sopro de vida Lispectoresca

A palpitação secular que ressoa da cavidade torácica do meu peito deve ter algum motivo existencial comum aos outros seres. Nada pode ser tão fugaz e intenso ao mesmo tempo. Nada pode ter uma significância única, e apenas os poetas sejam capazes de explicar isso.

Eu queria poder morrer e viver várias vezes. Cada uma das vidas eu teria uma escolha, e ser sim e ser não a cada vez seria momentos de entrega sem hesitação.

A hesitação é o estado limitante do pensamento sobre o sentimento de ação e verdade. Mas se a verdade não existe realmente, então de que serve o questionamento?

Quem me dera sentir sem pensar, quem me dera nascer sem palavras. Quem me dera não aprender a ler e a distinguir o certo do errado, e poder existir sem força, porque viver já dá trabalho o bastante.

Quando diz-se que queremos sentir a vida palpitante, e sorridente nos lançamos ao ardente fogo da emoção, estamos sendo verdadeiros ou apenas inconseqüentes? Então a verdade não escolhe o quem vem depois e simplesmente decide por você o que vai acontecer? E onde fica o livre arbítrio? Ou isso foi uma invenção católica para que controlemos os nossos sentimentos?

(pausa para reflexão)

Quem encontrar a resposta que escreva primeiro.