terça-feira, 29 de abril de 2008

Dar um tempo

Sair de casa é um ótimo exercício para gostar de casa. Quando estamos fora, vemos outras coisas, aproveitamos situações e lugares diferentes e esta experiência serve de comparação para valorizarmos a nossa própria casa.

Nada como passar um perrenguinho básico, ficar sem ter onde comer ou dormir numa cidade estranha para voltar para casa beijando o chão e as latas de cerveja que você mesmo não jogou.

Além disso, dar um tempo significa respirar, encontrar outras coisas boas para pensar, e dar um gás em tudo que fica para trás. Por que será deixamos o que realmente importa sempre em segundo plano, e nos arrastamos em direção eterna das atividades que não tem fim? Ficamos enrolando, não fazemos nada sem cobrança ou sem ganhar dinheiro, quando na verdade é a realização dessas atividades que nos mantém mais felizes?

Não sei.

Pensamos muitas vezes que falta dinheiro, que falta tempo, que falta vontade, que falta namorado, que falta... falta até desculpa para dizer o que mais falta.

A Ana (do blog da Ana) conta uma história de usar a forceps... um instrumento que ajuda nos partos difíceis. É isso, quando a gente não tem muita força sozinha, é bom ter a ajuda de alguém ou da fórceps para poder parir alguma coisa.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Falando em sonho americano...

Eu quebrei 3 vezes. Da primeira, minha mãe ‘me deu’ dois mil reais para cobrir os cartões de credito. Mas faltaram mil, do salário do meu parceiro, que abandonara o emprego explorador e não recebera um centavo do mês trabalhado. No mês seguinte, entrei mil no cheque especial, que em 3 meses se tornaram 2 mil, e mais 1500 em cartões de credito. Em suma, estava gastando como se nada estivesse acontecendo, e os juros rolaram felizes.

Em seguida, peguei 3 mil de empréstimo, no nome da minha mãe novamente. Duraram 2 meses. No terceiro mês, lá estava eu de novo com mil reais devedor no cheque especial.

Mais uma vez ela me ajudou a pagar as contas devedoras e a pagar o saldo devedor. Vou ter que mudar de banco, e o antigo banco pra onde vou tem mais um saldo devedor de 300 reais. Sei que perto do que eu devi antes, parece pouco, mas a verdade é que eu não consigo parar com 20 reais positivos na conta. E esta realidade é realmente assustadora.

Os bancos e as financeiras são simplesmente ladrões autorizados a torturar e sacanear cada cidadão do país, principalmente aqueles que ganham pouco ou vivem uma vida um pouco normal – com conta no banco, prestações para pagar e alguns sonhos de consumo pequenos. Os gastos que me levaram a tais falências não foram de modo algum ‘grandes luxurias’, mas pequenos mimos, pequenos desejos que se gastaram no percurso, ficando de lembrança apenas os juros. Uma festa, um presente de aniversário, um show, uma bota.

Pra quem entende um pouco de matemática – não precisa ser um expert – sabe que é no juro que reside o lucro do capital especulativo. Um dinheiro que alguém que tem bastante – o banqueiro, por exemplo – empresta pra alguém, contando que no final a pessoa simplesmente não consegue devolver inteiramente, porque á medida que o tempo passa a dívida se torna maior. E assim o dinheiro se multiplica sem muito esforço por parte de quem está ganhando. Isto é o que especialistas chamam de ‘fazer dinheiro’.

Por trás do crescimento do dinheiro de uns poucos, muitos se endividam e praticamente se tornam ‘escravos’ de suas dívidas – trabalham apenas para pagar contas, que nunca diminuem, e continuam trabalhando, ainda mais, e nunca vêem a cor do dinheiro.

Mas o que leva as pessoas a gastarem mais do que realmente podem pagar? Numa palavra, piegas e totalmente ‘comunista’, o consumismo. O consumismo faz com que queiramos comprar coisas com o dinheiro que ainda não temos – o dinheiro do mês seguinte. E no próximo mês queremos continuar gastando, e embora tenhamos as contas do mês anterior pra pagar, pegamos emprestado em financeiras ou cartões de credito, que nos permite ter hoje um produto que só poderemos pagar daqui a um mês (ou meses).

E assim nos presenteamos com objetos comprados com o dinheiro do futuro (quem nunca disse a si mesmo ‘eu mereço esse sapato, eu trabalho muito, sou uma pessoa honesta’?), e nos tornamos escravos desse desejo inacabado.

Enquanto isso, em alguma igreja próxima, prega-se a humildade. Ser humilde não significa apenas aceitar a condição em que se encontra, mas principalmente se contentar com pouco. Ser feliz sem precisar de botas ou filmes, manter-se tranqüilo diante da escassez de comida ou saídas; estar bem consigo mesmo, apesar dos pesares, entender as falhas, suas e dos outros, pois todos erram, e ainda assim, todos estamos juntos nessa.

No final, o que é escroto é dizer palavras que são tidas como inapropriadas, chatas e monótonas, que poderiam estar escritas em um livro comunista, altamente crítico e insatisfatório, ou em um culto evangélico de uma igreja que também lucra com a infelicidade alheia. Insistir em gratidão, em aceitar as conseqüências dos atos passados e principalmente, mudar as ações daqui pra frente, eis um verdadeiro ensinamento bíblico.

Mas, por fim, implorar à consciência, à ética e à auto-critica não parece ser tão ruim assim. Sei que é um exercício continuo, muitas vezes nadando contra a maré (afinal somos bombardeados o tempo inteiro com o que temos que comprar e com o que não podemos ter), mas talvez no fim do túnel exista uma salvação. Acredito que até o início do ano que vem eu consiga pagar tudo que devo e então, comprar a minha libertação. Quem sabe uma viagem, um livro ou apenas uma cadeira nova para o computador? Aí eu terei a escolha, e poder fazer escolhas neste mundo atual é uma coisa bem rara.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

To Britney or to Britney not, that’s the question.

Britney é mais uma criança que cresceu na frente das telas. Fez propagandas, apresentou programa infantil e, aos 17 anos decolou a carreira solo com o lançamento de ‘Baby one more time’.

De lá pra cá, dez anos se passaram, a conta bancaria e a própria Brit deu uma engordada básica, mas nada ficou como eram antes: ela se casou (duas vezes por sinal), teve dois filhos, raspou a cabeça, começou a andar com a demoníaca Paris Hilton, esteve ao menos 3 vezes em clinica de reabilitação e desintoxicação, e ainda assim, Britney solta um pum em Hollywood e nós, tupiniquins, sabemos com detalhes o lugar, a data, e a hora, muitas vezes ao vivo, e de diversos ângulos, repetidas nos diferentes canais de televisão, sites e revistas gerais.

E o mais fantástico de tudo: qualquer pose, qualquer gesto da musa publicado pela mídia representa não o que ela é, como pessoa, mas o ‘produto’ Britney que compramos. Ela passa mal, raspa a cabeça: vira estilo; ela sai estranha numa foto, parece bêbada: cria-se um clip digno de representar esse dia; e tudo na vida da querida Britney é motivo de emoção (dos fãs ou não) e claro, muito dinheiro.

Britney quando era novinha, era ninfeta, bonitinha e queridinha, mesmo com o ácido (hit me) baby one more time, ainda disponha de i´m not a girl, not yet a woman e outros melodramas; perdeu a virgindade e tornou-se sex symbol, chegando ao ápice com a superprodução Toxic; entrou em crise existencial, deu um beijo na Madonna, e então se tornou em ‘modelo do que não-se-deve-ser”. Atualmente, mas não por muito tempo, todos ainda torcem pelo retorno da boa e velha Britney, dando a volta por cima e fazendo turnês ao redor do mundo. Vestida com casaco de pele ou quase nua, cada pedaço da sua vidinha infame é acompanhado pelo público e aproveitado como gancho para seus próprios trabalhos.

Não precisamos ir longe para encontrar exemplos: durante sua recente fase down, Britney lançou o deprimente Gimme more – uma produção tão infame que faz com que pensemos se não está faltando alguma coisa (ou sobrando, nas gordurinhas da famosa). E agora, ressurgindo das cinzas, o seu novo trabalho “Piece of me”, que traduzido ao pé da letra significa ‘pedaço de mim’, ou ainda, no trocadilho, ‘paz para mim’, falando exatamente sobre o excesso de exposição a que sua vida se encontra.

Embora tenha perdido a guarda dos filhos, Britney está com um novo cd pronto e a sua nova turnê deve começar ainda esse ano. Sem dúvida, fazendo merda ou não (de propósito, ou por acaso), ela levanta multidões e ainda deve valer a pena investir dinheiro nela.

Britney Spears tem a minha idade, e é a musa de inspiração do pop atual. Modelo, no sentido de exemplo, a ser comparado e, portanto, julgado. E mais do que tudo, modelo que deve ser seguido, admirado, exaltado. Acompanhado. Sublimado. Consumido. Todos podem ter um pedacinho da Brit: uma camisa, uma boneca, um cd. Uma noticia de jornal, um papel de parede. Todos podem ser um pouquinho como ela, usando uma bota, uma jaqueta e um boné. Ou mais ainda, se comportando como ela –sem calcinha, por exemplo. Britney é mais pop do que nunca.

Eu não sei o que Britney pensa disso tudo, mas a verdade é que eu duvido muito que ela pense - a seguir os modelos de seleção de BBB ou High School Music, me parece que quanto mais toupeira melhor para o e-business. Mas o que eu penso sobre Britney? Ela não é tão bonita, não canta tão bem assim e até os escândalos não são tão chocantes assim (Madonna pegava mais pesado numa época bem mais conservadora). Mas é impossível resistir, e talvez por isso tantos amem e tantos outros odeiam que a amem. NA música Piece of me ela mesma se define “miss American dream” (senhora sonho americano). Ela foi feita pra ser gostada, e resistir ao apelo é quase negar a parte humana – ou pós-moderna que vive em nós. Mas isso é assunto pra outro post.

terça-feira, 15 de abril de 2008

POP

Foi um tal de Andy Warhol que inventou o que hoje chamamos pop. Pop é um termo genérico, que se encaixa em quase tudo que seja midiatico, famoso e/ou popular, não necessariamente nesta ordem.

Warhol pintou celebridades de Hollywood – uma tela conhecida é da Marilin Monroe – e foi muito além do que muita gente acha que é possível: pintou latas de sopa, pintou supermercados e acidentes de carro. A frase ‘no futuro todo mundo terá 15 minutos de fama’ é dele, e mais do que tudo o que fez, Andy revolucionou a arte, o conceito de arte, os padrões do que deveria ser bonito ou artístico e é pai e mãe de qualquer produto pop – seja ele uma banda de sucesso, uma marca ou um show.

Junto dele vários outros pegaram carona e fundaram esse movimento pop, trazendo os quadrinhos pras galerias e as telas para a televisão. Mas naquela época, início da década de 60 as coisas estavam apenas começando.

Hoje se sabe que o mercado artístico amadureceu – e muito! – e qualquer Sandy ou Carla dão aula de como se portar nas telinhas e nos telões. Mas sem duvida a industria cultural americana é maciçamente avassaladora – seja pelos filmes holywoodianos, pelas marcas de alimentos e bebidas (cocas e Mcdonald´s), vestimentas (tênis e roupas) ; ninguém escapa da generalizada americanização do mercado ou das luxúrias do paraíso do consumo. Para aqueles que gostam de estar na moda, existe uma quase ditadura; e para aqueles que se opõem a ela, existem as antiditaduras, que agregam em torno do mesmo mercado o “anti-sistema”, como estilos ‘grunge’ de ser, rebeldes e alternativos. Tem para todos os gostos, basta fazer a sua seleção.

Mas de todos os famosos estadosunidenses, sem duvida, a mais iconográfica, ao meu ver é ela, a princesa do pop, Britney Spears. Ela (ou melhor, seus produtores) merecem um post e uma homenagem – eles sabem produzir sucesso ou ao menos vender bem seu peixe.

domingo, 13 de abril de 2008

Um dia de domingo

Gal Costa

Eu preciso te falar
Te encontrar de qualquer jeito
Prá sentar e conversar
Depois andar
De encontro ao vento...

Eu preciso respirar
O mesmo ar que te rodeia
E na pele quero ter
O mesmo sol que te bronzeia...

Eu preciso te tocar
E outra vez te ver sorrindo
E voltar num sonho lindo...

Já não dá mais prá viver
Um sentimento sem sentido
Eu preciso descobrir
A emoção de estar contigo...

Ver o sol amanhecer
E ver a vida acontecer
Como um dia de domingo...

Faz de conta que ainda é cedo
Tudo vai ficar
Por conta da emoção
Faz de conta que ainda é cedo
E deixar falar
A voz do coração...

Desconstruindo o domingo

O domingo é o primeiro dia da semana, seguindo o sábado e precedendo a segunda.

A palavra é originária do latim Dies Dominica, que significa "Dia do Senhor". Existe, nessa mesma acepção, em castelhano (Domingo), italiano (Domenica) e francês (Dimanche).

Numa referência a cultos pagãos antigos, que dedicavam este dia ao deus Sol, em inglês diz-se Sunday, e no alemão Sonntag com o significado de "Dia do Sol".


aaaah, então tá!
não entendeu? Leia mais aqui

Domingo, pé de cachimbo...

Vocês também têm essa sensação de nada no domingo? essa coisa de acordar mais tarde, ler jornal com suplemento, almoço na casa da vó e dormir cedo porque amanhã é dia de preto?

Nada para se fazer? Ou falta vontade para arrumar a área de serviço?

Será que não existe alternativa para o domingo? Um passeio na praia, um cinema ou teatro as 19h, Uma leitura agradável que não seja obrigação de segunda? Alguma coisa que não gaste muito dinheiro, não tenha drogas ou alcool envolvido e possa oferecer um mínimo de bem estar à cidadã?

Ainda não decidi sobre qual tarefa doméstica devo realizar este domingo.

O que eu sei é que o tempo ultimamente tem passado muito rápido, e por pior que seja o domingo, a vontade é que ele passe beeem devagarinho...


sábado, 12 de abril de 2008

Grandes Verdades



Eu sei, mas não devia

Marina Colasanti


Eu sei que a gente se acostuma.
Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora.

A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.

Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.

A gente se acostuma para poupar a vida.

Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Esse post também é legal:
Faxina na alma

Essa tal liberdade...



Não foram poucas as vezes que escutei ‘você tem tudo que sempre quis e não aproveita... Liberdade!’. Poder ir aonde quiser, voltar a hora que quiser, fazer o que quiser.

O que pode parecer uma falta de ação ou de proveito sobre as coisas, na verdade tem mais a ver com uma outra coisa... uma tal responsabilidade, que vem de brinde àqueles que alcançam a famigerada liberdade.

Poder morar sozinha significa poder sair, chegar, acordar e dormir na hora que quiser, certo? Sim, e também significa contas a pagar, que, por sua vez, significa ter uma fonte de renda, e caso você não seja herdeira de um grande patrimônio como Paris Hilton, significa trabalhar.

Trabalhar significa estar 5 dias na semana, 8 horas por dia disponível para uma pessoa ou empresa ou instituição; neste caso, uma pessoa que determina o que você deve fazer durante este tempo, e ainda, o que fazer durante os outros tempos que seriam seus, pois é preciso ter hora para dormir, levantar, não poder fazer varias coisas durante essas horas dedicadas ao trabalho e ainda uma baita canseira, estresse e preguiça decorrente dos pequenos problemas que podem vir acoplados ao chefe desorganizado ou à assessora pentelha.

Quando eu era mais nova e morava com minha mãe, nos dias de faxina sonhava com o dia em que eu seria independente, não teria que fazer o que minha mãe mandava, especialmente lavar meu tênis ou tirar pó dos móveis. Imaginava eu, no alto da minha infância, que no dia em que não tivesse minha mãe para brigar sobre brinquedos espalhados e roupas sujas fora do cesto que tudo seria mil maravilhas, seria feliz não teria que fazer nada que não fosse brincar ,comer e assistir tv.

E mais tarde, na minha adolescência, eu achava que não seria mais uma mulherzinha dona de casa, que trabalharia, teria uma empregada para fazer as coisas, que jamais mimaria meu marido, não perderia tempo passando roupa ou esfregando roupa no tanque...

E qual não foi minha surpresa, quando morando sozinha, tive que viver cada uma dessas atividades odiosas para qualquer feminista principiante. Esfregar tapetes no tanque, ariar panelas e passar roupas, eis as minhas atividades durante as férias! E durante o resto do ano também!

Moral da história? Nenhum sonho é perfeito quando se realiza, mas nem por isso deixa de ser maravilhoso... ainda prefiro morar sozinha e esfregar o chão com minhas mãos a ter que fazê-lo na hora que minha mãe manda. Acho que essa é a única recompensa, alem de andar descalça no chão que eu mesma limpei e não sujar os pés.


quinta-feira, 10 de abril de 2008

Nada é impossível de mudar

Bertold Brecht

Desconfiai do mais trivial,

na aparência singelo.

E examinai, sobretudo, o que parece habitual.

Suplicamos expressamente:

não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,

pois em tempo de desordem sangrenta,

de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,

de humanidade desumanizada,

nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.

Uma alternativa para Encantada – o filme


A idéia é boa, mas não vingou o fim.

O filme Encantada seduz pelo trailer e parece uma boa versão daquilo que deveria ser um conto de fadas moderninho, mas não convence.

Os personagens de um conto de fadas saem do mundo da historia e caem exatamente dentro de um bueiro da cidade de Nova Iorque. Perdida, a futura princesinha da história passa por alguns maus bocados, até ser encontrada por uma garotinha de 7 anos e seu pai, que a “protegem do mal urbano” enquanto seu príncipe deve vir salvá-la.

Os estranhos costumes da princesa rendem algumas das cenas mais divertidas – como fazer vestidos com cortinas, e realizar tarefas domesticas com a ajuda de animais urbanos (ratos baratas e afins) e cantar e se emocionar a qualquer momento.

Contudo, depois das estripulias, maçãs envenenadas, ataque da bruxa má, luta de espadas e revelação do “verdadeiro amor”, o final é monótono e pouco convicente: a princesa casa-se com o rapaizinho novaiorquino, e se torna uma bem sucedida empresaria de vestidos; o príncipe casa-se com a ex namorada do rapaizinho, provando que a única coisa que ele queria era casar, e desejando “todo o bem” para a ex-futura-princesa que lhe deu um pé na bunda; a bruxa má se dá mal e todos ficam felizes para sempre.

Me parece que a tradicional fórmula mágica da Disney ainda encanta multidões de crianças (meninas, principalmente, neste caso). Enfim, o poder da mega indústria infantil é inquestionável, mas pra que essa insistência na formação de garotinhas frágeis, que precisam se casar para se tornar alguem feliz na vida, esperando pelo príncipe encantado a vida toda? A trilogia Piratas do Caribe avançou um pouco mais neste quesito, com a crescente importância de Elisabeth, que originalmente era também uma 'princesa' (filha do governador) mas torna-se uma pirata de primeira linha, salvando inclusive seu pretenso namorado Will Turner, e ainda vivenciando um quase triângulo amoroso com o capitao Jack Sparrow.




Para Encantada, acho que o final poderia ser mais interessante se por exemplo:

  • Giselle, a princesa, desistisse da idéia de ‘casar’ para aproveitar um pouco a recém descoberta vida novaiorquina e estivesse disposta a ter encontros (‘dates’) com o namoradinho;
  • Nancy, a ex-namorada de Robert, ficasse ressentida por um tempo, mas desse a volta por cima e desistisse de homens, buscando companheiras femininas para sua realização;
  • Narissa, a bruxa má, que por sinal, era madrasta do príncipe, fizesse terapia em NY e descobrisse que realmente essa coisa de não ter um par perfeito é coisa de contos de fadas e resolvesse sair pela cidade para conhecer gente, apaixonando-se por ninguém menos que Nancy;
  • Robert, o então ‘ficante’ de Gabriela descobrisse novos talentos e investisse em aulas de dança e canto, largando a advocacia e se tornando dançarino de sapateado ou cantor de música sertaneja;
  • O príncipe Edward ficasse ressentido do pé na bunda que levou, parasse de cantar e dançar, e resolvesse voltar para seu castelo infeliz e rabujento (isso daria gancho para o próximo filme, que pode ser a vingança do príncipe ou Encantada 2, uma outra princesa que ele se apaixona...)
  • O único final que gostei foi de Nathaniel, o ajudante da bruxa, que escreve um livro, dá a volta por cima e fica famoso.
Criatividade, é o que falta. Ou no meu caso, um empresário doido disposto a financiar as minhas ideias.

Saiba mais sobre o filme

sem começo.com

Este post é apenas o primeiro. Mas nao quero me apresentar, nem a ideia nem nada. Aos poucos tudo virá. A vida é um teste e apenas uma escolha mostrara as alternativas viaveis.