segunda-feira, 22 de setembro de 2008

São tantas questões...

Maíra Baky


São tantas questões que me tento

Procuro, anseio, e um pouco me leio

Um pouco me guio, um pouco tormento

São tantas questões, são tantos os eixos

Um dia arrisco, outro devaneio


São tantos os lados, dodecaedros

Me abate o cansaço, fujo das regras

Me alvoroçam amargos, doentes e retos

Poucos casos abalam, poucos se casam

Quase inexiste, coexiste, convergem


São tantos problemas, aflições

Tantas doenças, inaptidões

Vazios enchidos a amargas ilusões

Decisões invertidas, coerções

São tantos livros, tantas historias

Quase não oiço, são muitas as glórias

(me falta memoria)


Me fico acoada, toca e mordaça

Quase nada me açoita a graça

São tantas as vidas, tantas canções

Não toco feridas, não canto nações

São tantos os moços, os louros, os brados

Me faltam abraços, falta emoções

São tantos os medos, espantos e gostos

Não me atenho, solto balões

Vão-se com o vento todas as unções


São tantas as vidas, os sofrimentos

Há tão pouco agora as matas e os sons

Me atenho às folhas e as formigas

Estudo a graça das pequenas feridas

Uma cria descomparsa, hoje se caça

Já foi louvada, hoje se apaga.

Fotografia

Cecília Meireles

DESEJO UMA FOTOGRAFIA
Como esta - o senhor vê? - como esta:
em que para sempre me ria
com um vestido de eterna festa.

Como tenho a testa sombria,
derrame luz na minha testa.
Deixe esta ruga, que me empresta
um certo ar de sabedoria.

Não meta fundos de floresta
nem de arbitária fantasia...
Não... Neste espaço que ainda resta,
ponha uma cadeira vazia.

As pessoas da sala de jantar

De todas as minhas inquietações, nada me atormenta mais do que a quantidade de tarefas inacabadas. Infortúnia herdada através da vaga noção de que ser responsável significa se tornar um robô boçal; a minha rebeldia depõe contra mim mesma.

É o fim.

Mas não vou me render até o final. E quem disse que existe certo, errado e direito? To me lixando pras contas a pagar e não quero nem saber dos deveres de filha e de esposa que predeterminaram a minha posição social.

As pessoas escolhem por você papeis que você nem bem se acostuma já está decidido. Saca a cadeira vazia da mesa de jantar? Ah, muito obrigado, mas esse lugar aqui eu não quero não.

E ponto final.

A fraude

E se não mais que de repente todas as coisas se parecessem infinitamente sem sentido, idiotamente sincronizadas e trapaceiramente enganosas?

Tenho sentido uma estranha farsa dentro da minha própria existência. Como se houvessem outras, umas três ou quatro de mim seguindo caminhos e sentidos diferenciados, buscando o controle do único corpo que rege as vontades de mim.

Foi ali que passei a ter heterônimas de minha pessoa, e tentando satisfazê-las a todas, me perdi. Cansei. Stop ou slow motion, foi o que meu coração lentamente pediu quando queria arrego.

Eu quis brincar até explodir. Fazer o que não imaginaria fazer, e desenhar no céu carbonos de anil.

Mas hoje, uma segunda feira das trevas sorrupiou o canto da minha alegria e invocou a melancólica dúvida da razão: pra que isto tudo, então?

A conta que não se esgota é tamanha que pagaremos a prestação a partir do quadragésimo sétimo aniversário. Ninguém sente na pele o que é ter quarenta anos.

Mas tudo bem. Afinal, vivendo ou não, as contas serão pagas de alguma forma. Hoje eu queria companhia e encontro a casa vazia.

Hoje eu queria descanso, e encontro mais trabalho e mais responsabilidades.

Hoje eu queria produtividade, e todo o percalço do inevitável circulou ao redor do imprevisível.

- Contem com Marphy para finalizar as quartas feiras a tarde. Bom conselho afinal hoje ainda é segunda.

Dead line: game over

Infinitamente incompleta. Esta é uma das minhas versões mais atualizadas.

Ultimamente não tenho tempo para respirar. E nunca foi tão bom – pra que esse titulo então?

Uma sensação de vazio invade a minha alma. Incompleta. Eternamente vazia. Infeliz.

Um medo de estar sozinha. Antigamente eu gostava de estar assim, desacompanhada. Eu era feliz e não sabia.

Tinha controle sobre minha vida, minha saúde, meus pensamentos. Sabia o que buscar, onde como e porquê. Hoje – hoje estou largada em minha vida perdida no mundo.

Não menos feliz. Nunca estive tão feliz. Nunca vivi tão intensamente cada segundo nunca fui tão repleta de atividades e sensações. E agora, o vazio do mundo me preenche.

É como se estivesse tão ocupada a todo minuto, que o simples desarranjo de um imprevisto me largasse à beira de uma estrada sem direção. Volto pra casa então.

E sigo infeliz as horas que passam, sem sono, sem fome, sem companhia. Uma amargura doída no fim do dia.

Queria me sentir bem, e na maioria do tempo estou. Mas essa melancolia que me invade a bacia me pergunta para onde vou?

O que desejar, que tipo de pessoa me tornar? Devo estar solta na vida, correr atrás das lembranças perdidas? Ou apenas e simplesmente deixo ficar, e em seguida volto inibida para a sala de estar?

Ainda não sei exatamente o que é isto, são tantas novidades e tantas rotinas. Queria estar melhor resolvida, mas a medida em que me busco encontro relâmpagos e trovoes:

Quem já não se perguntou: sou um monstro ou isto é ser uma pessoa? (Clarice Lispector)

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

um beijinho e um selinho


Ganhei um selinho da ANA e nao posso deixar passar em branco. Ela é uma fofa, eu adoro o blog dela e pelo jeito, meu carinho é recíproco! obrigadaaaaaaooo Ana!

Eu daria o selo pra própria Ana, mas agora esse ela ja tem! haha


Vou passar pra dois blogs que eu adoro: CENA 7 e Calça Jeans e Havaianas

E viva a rede bloggeira!