Maíra Baky
São tantas questões que me tento
Procuro, anseio, e um pouco me leio
Um pouco me guio, um pouco tormento
São tantas questões, são tantos os eixos
Um dia arrisco, outro devaneio
São tantos os lados, dodecaedros
Me abate o cansaço, fujo das regras
Me alvoroçam amargos, doentes e retos
Poucos casos abalam, poucos se casam
Quase inexiste, coexiste, convergem
São tantos problemas, aflições
Tantas doenças, inaptidões
Vazios enchidos a amargas ilusões
Decisões invertidas, coerções
São tantos livros, tantas historias
Quase não oiço, são muitas as glórias
(me falta memoria)
Me fico acoada, toca e mordaça
Quase nada me açoita a graça
São tantas as vidas, tantas canções
Não toco feridas, não canto nações
São tantos os moços, os louros, os brados
Me faltam abraços, falta emoções
São tantos os medos, espantos e gostos
Não me atenho, solto balões
Vão-se com o vento todas as unções
São tantas as vidas, os sofrimentos
Há tão pouco agora as matas e os sons
Me atenho às folhas e as formigas
Estudo a graça das pequenas feridas
Uma cria descomparsa, hoje se caça
Já foi louvada, hoje se apaga.