segunda-feira, 22 de setembro de 2008

A fraude

E se não mais que de repente todas as coisas se parecessem infinitamente sem sentido, idiotamente sincronizadas e trapaceiramente enganosas?

Tenho sentido uma estranha farsa dentro da minha própria existência. Como se houvessem outras, umas três ou quatro de mim seguindo caminhos e sentidos diferenciados, buscando o controle do único corpo que rege as vontades de mim.

Foi ali que passei a ter heterônimas de minha pessoa, e tentando satisfazê-las a todas, me perdi. Cansei. Stop ou slow motion, foi o que meu coração lentamente pediu quando queria arrego.

Eu quis brincar até explodir. Fazer o que não imaginaria fazer, e desenhar no céu carbonos de anil.

Mas hoje, uma segunda feira das trevas sorrupiou o canto da minha alegria e invocou a melancólica dúvida da razão: pra que isto tudo, então?

A conta que não se esgota é tamanha que pagaremos a prestação a partir do quadragésimo sétimo aniversário. Ninguém sente na pele o que é ter quarenta anos.

Mas tudo bem. Afinal, vivendo ou não, as contas serão pagas de alguma forma. Hoje eu queria companhia e encontro a casa vazia.

Hoje eu queria descanso, e encontro mais trabalho e mais responsabilidades.

Hoje eu queria produtividade, e todo o percalço do inevitável circulou ao redor do imprevisível.

- Contem com Marphy para finalizar as quartas feiras a tarde. Bom conselho afinal hoje ainda é segunda.

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