segunda-feira, 26 de maio de 2008

Café e parada gay

Ontem foi a parada gay paulista, hoje eu vi no jornal aquele mar arco-íris de gente. E senti saudade do dia em que peguei o avião, e estava acompanhada e nem era namoro; ela estava ali de companhia, extremamente doce e divertida, me fazia acreditar que um dia tudo seria banal e tudo seria feliz.

Exaustas da corrida de 48 horas, depois de atravessar a avenida paulista, correr feito umas miseráveis, dançar enlouquecidamente, depois de tudo, voltávamos para nossa vida pequena e infame, e no aeroporto, os óculos escuros escondiam as marcas do tempo em nossos rostos; sentamos para esperar o vôo, e o aeroporto era nossa casa – milhões de gays voltando pra suas vidas como nós, e tudo parecia estar em seu lugar. Tomamos um café, um pão de queijo, uma água. Eu olhei pra ela, ela estava ali. E nesse momento, pequeno e finito, percebi que a vida era bela, que sorrir era a única solução depois de tanta diversão e tanto cansaço, estávamos juntas e isso era uma felicidade sem fim.

Mas o tempo (mais uma vez, o tempo!) provou que estava errado, que as coisas só são infinitas enquanto duram, ou melhor, só são amáveis antes de acontecer. Porque enquanto suspiramos e amamos tudo é incrível, mas quando convivemos e discutimos, a dureza da realidade, sim, a dureza dos defeitos que surgem na convivência são insustentáveis a longo prazo.


Um comentário:

.ana disse...

é dura a realidade da convivência mesmo.. eu bem sei como é!!
e às vezes se esforçar para as coisas darem certo é uma completa perda de tempo...


[e voltei a escrever, viu? =) não consigo mesmo ficar mts dias longe disso...]