quinta-feira, 10 de abril de 2008

Uma alternativa para Encantada – o filme


A idéia é boa, mas não vingou o fim.

O filme Encantada seduz pelo trailer e parece uma boa versão daquilo que deveria ser um conto de fadas moderninho, mas não convence.

Os personagens de um conto de fadas saem do mundo da historia e caem exatamente dentro de um bueiro da cidade de Nova Iorque. Perdida, a futura princesinha da história passa por alguns maus bocados, até ser encontrada por uma garotinha de 7 anos e seu pai, que a “protegem do mal urbano” enquanto seu príncipe deve vir salvá-la.

Os estranhos costumes da princesa rendem algumas das cenas mais divertidas – como fazer vestidos com cortinas, e realizar tarefas domesticas com a ajuda de animais urbanos (ratos baratas e afins) e cantar e se emocionar a qualquer momento.

Contudo, depois das estripulias, maçãs envenenadas, ataque da bruxa má, luta de espadas e revelação do “verdadeiro amor”, o final é monótono e pouco convicente: a princesa casa-se com o rapaizinho novaiorquino, e se torna uma bem sucedida empresaria de vestidos; o príncipe casa-se com a ex namorada do rapaizinho, provando que a única coisa que ele queria era casar, e desejando “todo o bem” para a ex-futura-princesa que lhe deu um pé na bunda; a bruxa má se dá mal e todos ficam felizes para sempre.

Me parece que a tradicional fórmula mágica da Disney ainda encanta multidões de crianças (meninas, principalmente, neste caso). Enfim, o poder da mega indústria infantil é inquestionável, mas pra que essa insistência na formação de garotinhas frágeis, que precisam se casar para se tornar alguem feliz na vida, esperando pelo príncipe encantado a vida toda? A trilogia Piratas do Caribe avançou um pouco mais neste quesito, com a crescente importância de Elisabeth, que originalmente era também uma 'princesa' (filha do governador) mas torna-se uma pirata de primeira linha, salvando inclusive seu pretenso namorado Will Turner, e ainda vivenciando um quase triângulo amoroso com o capitao Jack Sparrow.




Para Encantada, acho que o final poderia ser mais interessante se por exemplo:

  • Giselle, a princesa, desistisse da idéia de ‘casar’ para aproveitar um pouco a recém descoberta vida novaiorquina e estivesse disposta a ter encontros (‘dates’) com o namoradinho;
  • Nancy, a ex-namorada de Robert, ficasse ressentida por um tempo, mas desse a volta por cima e desistisse de homens, buscando companheiras femininas para sua realização;
  • Narissa, a bruxa má, que por sinal, era madrasta do príncipe, fizesse terapia em NY e descobrisse que realmente essa coisa de não ter um par perfeito é coisa de contos de fadas e resolvesse sair pela cidade para conhecer gente, apaixonando-se por ninguém menos que Nancy;
  • Robert, o então ‘ficante’ de Gabriela descobrisse novos talentos e investisse em aulas de dança e canto, largando a advocacia e se tornando dançarino de sapateado ou cantor de música sertaneja;
  • O príncipe Edward ficasse ressentido do pé na bunda que levou, parasse de cantar e dançar, e resolvesse voltar para seu castelo infeliz e rabujento (isso daria gancho para o próximo filme, que pode ser a vingança do príncipe ou Encantada 2, uma outra princesa que ele se apaixona...)
  • O único final que gostei foi de Nathaniel, o ajudante da bruxa, que escreve um livro, dá a volta por cima e fica famoso.
Criatividade, é o que falta. Ou no meu caso, um empresário doido disposto a financiar as minhas ideias.

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Um comentário:

Andrew disse...

hehehehehehe!!! Muito Chatinho do meio pro final mesmo!! Mas adorei o principe triste e infeliz!! se tornando o novo vilão da historia!!