sábado, 12 de abril de 2008

Essa tal liberdade...



Não foram poucas as vezes que escutei ‘você tem tudo que sempre quis e não aproveita... Liberdade!’. Poder ir aonde quiser, voltar a hora que quiser, fazer o que quiser.

O que pode parecer uma falta de ação ou de proveito sobre as coisas, na verdade tem mais a ver com uma outra coisa... uma tal responsabilidade, que vem de brinde àqueles que alcançam a famigerada liberdade.

Poder morar sozinha significa poder sair, chegar, acordar e dormir na hora que quiser, certo? Sim, e também significa contas a pagar, que, por sua vez, significa ter uma fonte de renda, e caso você não seja herdeira de um grande patrimônio como Paris Hilton, significa trabalhar.

Trabalhar significa estar 5 dias na semana, 8 horas por dia disponível para uma pessoa ou empresa ou instituição; neste caso, uma pessoa que determina o que você deve fazer durante este tempo, e ainda, o que fazer durante os outros tempos que seriam seus, pois é preciso ter hora para dormir, levantar, não poder fazer varias coisas durante essas horas dedicadas ao trabalho e ainda uma baita canseira, estresse e preguiça decorrente dos pequenos problemas que podem vir acoplados ao chefe desorganizado ou à assessora pentelha.

Quando eu era mais nova e morava com minha mãe, nos dias de faxina sonhava com o dia em que eu seria independente, não teria que fazer o que minha mãe mandava, especialmente lavar meu tênis ou tirar pó dos móveis. Imaginava eu, no alto da minha infância, que no dia em que não tivesse minha mãe para brigar sobre brinquedos espalhados e roupas sujas fora do cesto que tudo seria mil maravilhas, seria feliz não teria que fazer nada que não fosse brincar ,comer e assistir tv.

E mais tarde, na minha adolescência, eu achava que não seria mais uma mulherzinha dona de casa, que trabalharia, teria uma empregada para fazer as coisas, que jamais mimaria meu marido, não perderia tempo passando roupa ou esfregando roupa no tanque...

E qual não foi minha surpresa, quando morando sozinha, tive que viver cada uma dessas atividades odiosas para qualquer feminista principiante. Esfregar tapetes no tanque, ariar panelas e passar roupas, eis as minhas atividades durante as férias! E durante o resto do ano também!

Moral da história? Nenhum sonho é perfeito quando se realiza, mas nem por isso deixa de ser maravilhoso... ainda prefiro morar sozinha e esfregar o chão com minhas mãos a ter que fazê-lo na hora que minha mãe manda. Acho que essa é a única recompensa, alem de andar descalça no chão que eu mesma limpei e não sujar os pés.


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